A MULTIDÃO — THE CROWD

Cartaz do filme A MULTIDÃO — THE CROWD

Opinião

Desviando-se do caminho mais fácil e óbvio de falar sobre a sociedade iraniana de hoje, A MULTIDÃO opta por uma vereda que nos conduz por uma via interessante, criativa e, por que não, profunda. O espectador só precisa embarcar na festa junto com o grupo de amigos. Se conseguir entrar no galpão junto com eles, vai perceber que os elementos sociais, familiares, políticos estão todos lá.

Hamed divide um apartamento com Raman, que consegue um visto e está prestes a emigrar do Irã. Para celebrar sua partida, querem fazer uma festa, mas não há local pra isso. Acontece que a família de Hamed tem um grande galpão disponível, que seria ideal para dar a festa. Sem avisar os irmãos, Hamed e os amigos dão uma geral no ambiente, montam mesa de som, convidam a turma e preparam tudo para a despedida.

Mas nem tudo são flores. A turma vive um luto recente de um amigo que morreu, Hamed tem arestas para aparar com os irmãos e entrar num acordo sobre a festa vai exigir habilidade de negociação. O que parece algo trivial abriga questões profundas sobre contas não acertadas em família, culpa e frustrações. Na figura da irmã de Hamed, a questão feminina e religiosa se apresenta; na figura das amigas, a libertação das amarras e aprisionamentos involuntários. Filmado em ambientes fechados, traz as questões sociais iranianas que sufocam, no controle público e privado, influenciando os comportamentos. Um filme sutil e forte ao mesmo tempo; econômico no tempo, mas suficiente pra desenhar um panorama social da juventude iraniana original e instigante.

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