A AGENDA – L’Emploi du Temps

Cartaz do filme A AGENDA – L’Emploi du Temps

Opinião

Do mesmo diretor do ótimo Entre os Muros da Escola, A Agenda tem uma nome bem mais interessante no original francês. L’Emploi du Temps remete não só ao agendamento dos compromissos, mas também à maneira com que empregamos nosso tempo, o que fazemos com o nosso dia a dia e o quanto de energia colocados na maior parte da nossa vida que são as tarefas diárias.

Achei bastante interessante a maneira com que o diretor Laurent Cantet (também em Em Direção ao Sul) discute a questão. O filme é bastante simples na sua forma, mas a atuação do protagonista Vincent e sua esposa Muriel é marcante, e o tema, atual e importante – ainda mais considerando a quantidade de pessoas que estão envolvidas com trabalhos e rotinas pouco interessantes e com as quais têm pouca identidade.

Este é o perfil do personagem Vincent, que não tem interesse e envolvimento no trabalho, fica desempregado, teria condição e curriculum para conseguir outra oportunidade, mas tem medo de contar a verdade à família. Acaba inventando mentiras, viagens e empregos fictícios, que logicamente vão criando uma bola de neve de dívidas, envolvimentos duvidosos, desconfiança por parte de familiares e amigos e angústia dentre dele mesmo. Vincent é o exemplo de baixa auto-estima, de desinteresse e do perigo que é deixar que o anos se encarreguem da rotina sem que tomemos rédea da situação. A discussão aqui vai ainda mais além, esbarrando na questão da influência das relações de trabalho e das obrigações na personalidade das pessoas e nas suas relações.

De uma maneira lenta e reflexiva, A Agenda reflete bem o que a pressão pelo sucesso, pela carreira e pela necessidade de prover financeiramente a família ocasiona naqueles que não têm coragem ou condição de dar uma virada, ou partir para um processo de autoconhecimento que possa fazê-los buscar uma profissão e ocupação que seja ao menos prazerosa. Sem falar do poder que tem a mentira… também para quem a inventa.

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