12 HORAS – Gone

Cartaz do filme 12 HORAS – Gone
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Opinião

Há dois processos criativos bem distintos. Um deles é aquele em que o diretor tem controle da produção e da escolha de elenco, em que consegue ensaiar a cena com os atores, em que o sistema financeiro é importante sim – é ele que faz o filme acontecer, afinal de contas – mas não dita as regras, em que o cinema não é uma bolsa de valores, em que a autoria é a alma da história que se pretende contar. O outro é o sistema criativo pautado pelo financeiro, pelo risco calculado pelo produtor que investe e quer resultado, marketing, projeção, negócio, em que o diretor é mais uma peça do quebra-cabeça e em que o film maker é produtor, o real dono do projeto.

Descrevendo aos jornalistas esse panorama, o diretor brasileiro Heitor Dhalia concedeu uma entrevista à imprensa aproveitando o lançamento do novo filme, o suspense hollywoodiano 12 Horas. O filme conta com a atriz Amanda Seyfried, também de Mamma Mia, A Garota da Capa Vermelha, Cartas para Julieta. Filmado inteiramente nos Estados Unidos, com equipe local e todo o aparato do cinema americano, Dhalia contou como teve de se adaptar à linha de produção da indústria cinematográfica americana, ao nível extremamente alto de preparo de cada um dos profissionais envolvidos. “Em Hollywood, em grande parte dos casos quem manda é o produtor, que precisa garantir que seu investimento atinja os resultados pretendidos”, conta ele. “Eu tive a oportunidade de ter essa experiência, mas o roteiro já estava pronto e não pude fazer alterações, a atriz já tinha sido escolhida, a equipe já estava escalada e eu tinha apenas que dirigir.”

Como se fosse pouca coisa. De qualquer forma, vale dizer que 12 Horas é um filme comercial de suspense, voltado para um nicho de público que gosta dessas produções de carta marcada e roteio previsível. Explico: a personagem de Amanda Seyfried é sequestrada, mas ninguém acredita nela, nem mesmo quando sua irmã desaparece. Assim, ela resolve fazer justiça pelas próprias mãos e o suspense da menina-detetive está armado.

Heitor Dhalia deu a entender que valeu o desafio, já que não deve ter sido tão simples assim se render aos mandos de outros senhores, ele que estava acostumado com o envolvimento total com a obra, desde o roteiro, locação, escolha dos personagens e equipe, ensaios e tudo mais. De uma relação intimista com a sua obra, como no esquisito, porém interessante, O Cheiro do Ralo (2006), e no ótimo e sensível À Deriva (2009), Dhalia navegou por um processo realmente industrial.

“Se eu gosto do produto final? É um filme de gênero, voltado para o resultado, para o consumo. Mas todos nós somos parte desse mercado porque compramos, de uma forma ou de outra, o cinema de Hollywood”, conclui, saindo pela tangente. São aquelas experiências na vida que valem, mas que não tocam na essência, neste caso na essência do cinema autoral. Prova disso talvez seja o que vem pela frente. Dhalia prepara Serra Pelada, um filme sobre o maior garimpo a céu aberto do mundo nos anos 1970, com Wagner Moura no elenco. Boa pedida, voltar às origens.

Nos cinemas: 13 de abril

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