GREEN DAYS – Ruzhaye Sabz

Opinião
Prender cineasta no Irã se tornou lugar comum. O argumento não é diferente daquele usado por outras ditaduras ferrenhas ao redor do mundo: é proibido expressar-se. Fazer cinema tornou-se ato que coloca em xeque o poder do presidente Mahmoud Ahmadinejad, de modo que tirar o produtor, diretor ou qualquer outro que questione e conteste o status quo passou a ser a medida mais eficaz. Mas, apesar de tudo isso, continua-se fazendo cinema no Irã. Felizmente para nós. É através dele que temos informações interessantíssimas sobre a maneira de pensar e agir dessa sociedade.
Se contarmos com a família Makhmalbaf para entender o que se passa no Irã, estamos feitos. Filha do renomado diretor Mohsen Makhmalbaf (também em A Caminho de Kandahar) e irmã da também cineasta Samira Makhmalbaf, Hana Makhmalbaf fez seu primeiro curta aos 8 anos, com 14 estreou em Veneza e aos 19 ganhava prêmio no Festival de Berlim. Produziu Green Days num misto de documentário e ficção rico em detalhes, informações e sobretudo sensações. Através de Ava, uma garota deprimida e totalmente desiludida com a realidade política e social iraniana, Hana conta como foi viver aquele momento político de 2009, quando o candidato da oposição Houssein Mousavi venceu incontestavelmente nas urnas, mas foi derrotado por Mahmoud Ahmadinejad, que manipulou o resultado. Ava percorre as ruas entrevistando as pessoas no momento das eleições, ao mesmo tempo em que intercala suas andanças com sessões de terapia, produção de uma peça de teatro que acaba sendo censurada e o trabalho braçal recomendado pelo psicólogo para apaziguar suas aflições.
É muito interessante, a construção de Green Days, principalmente na mescla que a diretora faz de ficção e realidade. As imagens dos protestos são impressionantes, assim como as da repressão policial. Claro que Hana e sua família vivem fora do Irã – condição essencial para manifestar-se, fazer o mundo conhecer a realidade do país e pressionar a opinião pública e instituições internacionais para que posicionem contra o regime de Ahmadinejad e a favor da libertação de quem quer dizer o que pensa. Básico.
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