O CASTELO DE VIDRO – THE GLASS CASTLE
Opinião
O Castelo de Vidro me fez lembrar Capitão Fantástico. Viver fora da caixa, pensar em outro padrão de educação para os filhos, rejeitar o consumo, a vida na cidade. Lembra também porque a irreverência dos pais beira a loucura, nessa tênue linha de quem tem afeto, mas não tem medida. De quem não consegue driblar o desequilíbrio emocional e encontrar o tão desejado e necessário caminho do meio.
Jeannette Walls conta sua história real no livro homônimo, do pai alcoólatra e da mãe artista que criaram os quatro filhos feito nômades, mergulhados em ilusões de uma vida sem alicerces. Entre momentos de extremo entusiasmo e espontaneidade, e outros de total descontrole, regados a álcool e desespero, à falta de dinheiro e de comida, Rex (Woody Harrelson, também em Onde os Fracos Não Têm Vez) e Rose Mary (Naomi Watts, também em Enquanto Somos Jovens) vão pulando de cidade em cidade, sonham em construir uma casa de vidro – projeto que nunca se concretiza – e não conseguem dar o mínimo de segurança à família. Jeannette (Brie Larson, também em O Quarto de Jack) é a filha-referência, que vai lutar para ser diferente dos pais e conduzir os irmãos para fora da loucura e insegurança. Sai de casa pra estudar e trabalhar, ganha dinheiro e estabilidade, mas no fim precisa encontrar, na negação de tudo que viveu, seu maior legado: a capacidade de viver seu verdadeiro talento e recuperar o núcleo familiar.
No fim das contas, conviver em família é um dos desafios mais complexos da vida. A gente não escolhe, constrói uma relação de amor com pessoas diferentes e precisa tratar de sempre lapidar os afetos, pra que o tempo não os transforme em força bruta.
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