CLUBE DE COMPRAS DALLAS – Dallas Buyers Club
Opinião
Estou descaradamente torcendo para que Matthew McConaughey fature o Oscar. Se bem que Leonardo DiCaprio está na sua quarta indicação, merece pela carreira e pode ser que ganhe agora por O Lobo de Wall Street. Mas o drama vivido por Ron Woodroof em Clube de Compras Dallas é mais intenso, tem um tom humano, sem sátiras ou ironias. É a vida como ela é, na seara dos marginalizados, dos que sofrem preconceito, dos que remam contra a corrente. Apesar de o trabalho dos outros concorrentes (Christian Bale, em Trapaça, Bruce Dern, em Nebraska, Chiwetel Ejiofor em 12 Anos de Escravidão) ser também excelente, alguns filmes tocam mais fundo. E isso depende de muita coisa além do talento do ator: depende do estado de espírito de quem assiste, do tema e do impacto do filme. E nesse quisito, se Matthew McConaughey tem concorrente, ele se chama Chiwetel Ejiofor, que também causa tremendo impacto.
O difícil papel de McConaughey faz lembrar Tom Hanks em Filadélfia, que também levanta a questão da AIDS, a recém descoberta doença nos anos 1980, de uma forma emocionante – revi recentemente, vale a pena. Ron Woodroof é um eletricista, caubói nas horas vagas, em Dallas. Leva uma vida promíscua e desregrada, até descobrir que tem AIDS. Em 1985, a medicação do AZT ainda estava em teste e não há muito o que fazer para prolongar a vida de Ron. Mas determinado a ajudar as pessoas também contaminadas e inconformado com o prognóstico de que teria somente 30 dias de vida, começa a contrabandear uma droga do México que ajuda no tratamento. Funda o chamado Clube de Compras Dallas, em que os membros soropositivos pagam uma mensalidade para receber a medicação, que de fato melhora um pouco a qualidade de vida.
Parece que vemos na tela pessoas reais e não atores. Além do excelente protagonista, o ator Jared Leto está ótimo e também concorre à estatueta como ator coadjuvante. A história é verdadeira, daquelas de inacreditável virada de mesa e força de vontade de viver. Além, é claro, de frisar bem a questão transformadora. Homofóbico e intolerante, Ron se transforma em uma pessoa melhor, deixa cair por terra o preconceito e modifica também aqueles que acreditam na sua causa e que o acompanham até o final.
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