O SOM AO REDOR

Cartaz do filme O SOM AO REDOR

Opinião

Mesmo antes de ser exibido no Festival de Gramado em agosto de 2012 e premiado com o Kikito de melhor diretor, filme pelo júri popular e júri da crítica e melhor desenho de som, O Som ao Redor, de Kléber Mendonça Filho, já tinha sido festejado pela crítica no Festival de Roterdã. Depois arrancou elogios em Nova York e ganhou melhor filme no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Merecido.

Quando assisti ao filme em Gramado (leia o comentário), contei que fiquei impressionada. Por ironia do destino, durante a sessão o sistema de som apresentou problemas e tivemos que interromper a exibição. O desfecho interessantíssimo do filme ficou para o dia seguinte, o que aguçou ainda mais essa importância do entorno, de tudo aquilo que emite som, sensação, complemento, daquilo que parece, mas definitivamente não é, secundário. Ficou ainda mais evidente a importância da nuance que envolve as cidades, a subjetividade dentro daquilo que nos parece palpável, objetivo, corriqueiro. Nem tudo é previsível numa metrópole como Recife (ou qualquer outra). O que se vê e se ouve pode mudar tudo.

O que Kléber quer trabalhar é justamente o espaço urbano, nas suas particularidades imperceptíveis e sutis. Na dureza da vida urbana, na crueldade da vida humana e das relações que se estabelecem. Fico contente que O Som Ao Redor tenha entrado em cartaz em grande estilo, com tantas chancelas mundo afora. E desejo vida longa em cartaz – muito embora seja um típico filme de festival, sempre tenho esperança de que as pessoas se interessem pelo cinema autoral.

Não estão neste texto todas as minhas impressões do filme, já que quando estive em Gramado fiz um relato mais detalhado sobre a produção. É um filme para pensar e, acredite, você vai se surpreender com o final. Mas fica avisado que o objetivo maior do filme é retratar a realidade urbana e humana como ela é, nua e crua. Portanto, o timing do filme é praticamente real, a vida cotidiana corre sem pressa, no ritmo pernambucano, na conversa de rua, na repetição de situações. Lentamente, mas não sem emoção. Tem tensão no ar. E no som.

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