ZARAFA

Cartaz do filme ZARAFA

Opinião

A tradição de todos povos africanos é passar o conhecimento de pai para filho. O repertório, transmitido oralmente pelos mais velhos aos mais novos, constrói a cultura e a tradição de uma comunidade inteira. Assim o ancião de uma tribo conta às crianças como é que a primeira girafa desembarcou na França em 1827, em um balão, acompanhada de um menino, escravo fugitivo, e de um beduíno.

Adoro animação, principalmente produções como esta, que têm traços e colorido diferenciados e transmitem parte do cotidiano e das culturas mais inusitadas (veja lista de outras produções diferentes O TRAÇO ALÉM DE HOLLYWOOD). Foge do lugar comum, resgata parte de uma história que, neste caso, também é nossa. Maki é africano, escravizado pelos conquistadores implacáveis. Por teimosia, consegue fugir das garras do mercador europeu, adota um filhote de girafa e sente-se responsável, a partir desse momento, pelo animal – física e emocionalmente. Até que ele é dado de presente ao rei da França e é preciso atravessar o continente africano para chegar em Paris. De balão.

Cheio de elementos da dualidade metrópole-colônia, exploradores-explorados, Zarafa, como chama a pequena girafa, é delicado no gesto e imponente na leitura das entrelinhas. Desde o bonito gesto do ancião que conta uma história e transmite uma cultura, até na mensagem que fica para quem, do outro lado do oceano, também sofre as consequências de uma conquista e exploração feita às avessas. Se fui longe demais, é só ater-se ao básico: visual e enredo já são bonitos o suficiente para Zarafa merecer a sua atenção.

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