UMA BATALHA APÓS A OUTRA – ONE BATTLE AFTER ANOTHER

Opinião
O ideal seria termos a chance de escolher que batalha lutar. Mas a verdade é que, diante do frenesi deste mundo e da urgência das temáticas, quase nunca dá pra escolher. Bob/Leonardo DiCaprio que o diga. Pra ele — e para os mortais — o mundo contemporâneo é UMA BATALHA APÓS A OUTRA. Seja sobre questões políticas e policiais, imigração e racismo, abuso de poder militar e supremacia branca, cerceamento das liberdades individuais e extremismos, a batalha é constante e melhor uma pitada de humor e personagens anti-heróis pra tentar suavizar um pouco a montanha-russa do panorama geopolítico do século 21.
Paul Thomas Anderson (PTA) faz isso quando se inspira no livro Vineland, de Thomas Punchon, para escrever a história do grupo revolucionário French 75, que entre assaltos a banco, explosões e salvamento de imigrantes ilegais presos na fronteira dos EUA com o México, consegue se infiltrar e se dispersar quando o cerco das autoridades aperta. Mas Bob nem sonha que sua aposentadoria será interrompida quando precisa salvar a filha das garras de um antigo inimigo.
Sean Penn é o militar racista e perverso — um personagem patético (e cheio de trejeitos) que denunciam a mediocridade e hipocrisia; DiCaprio é um herói às avessas, que de tão chapado e bêbado se esquece da senha de membro revolucionário — e não lembra de tirar o roupão quando trava a batalha com o sensei zen (Benicio del Toro) em busca de sua filha. Atrapalhado e bonachão. PTA, diretor também dos ótimos Trama Fantasma e Magnólia, dá ritmo, graça e ação à história que parece uma comédia da vida privada do mundo contemporâneo mergulhado no caos de ponta a ponta. Nesse caos, lá vamos nós, de batalha em batalha.
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