TIMOR LESTE – O MASSACRE QUE O MUNDO NÃO VIU – Timor Lorosae

Cartaz do filme TIMOR LESTE – O MASSACRE QUE O MUNDO NÃO VIU – Timor Lorosae
Direção:
Ano de lançamento:
País:
Estado de espírito:
Duração:

Opinião

O interessante em Timor Leste – O Massacre que o Mundo não Viu é o registro histórico em si. Alguém se lembra? Foi praticamente outro dia, 1999. O documentário escrito e dirigido pela atriz Lucélia Santos (a eterna escrava Isaura, pelo menos para mim) retoma, de forma didática e cronológica, os eventos trágicos nesse longuinquo e pequeno país oriental. Isso é bom, ajuda a refrescar a memória dos horrores que aconteceram por lá em plena virada do milênio.

Confesso que não gosto muito da narração da diretora em off – há algo com a sua voz, implicância gratuita talvez. Mas o que importa é que conta como o país se tornou independente de Portugal em 1975, para tornar-se dependente da Indonésia – país que dominou a porção leste da ilhota com unhas e dentes, no esquema ditatorial. Neste contexto aparecem o líder da resistência timorense Xanana Gusmão, primeiro presidente do Timor independente e atual primeiro-ministro. Na época, foi cabeça da FRETILIN (Frente Revolucionária do Timor Leste Independente), ficou preso em Jacarta durante anos e chamou atenção do mundo para a repressão e luta pela independência, juntamente com o bispo Carlos Ximenes Belo e o jurista José Ramos-Horta, que ganharam o Nobel da Paz pelos esforços em encontrar uma solução.

Timor Leste foi devastada e descaracterizada pelas forças da Indonésia durante os 25 anos de domínio. Mesmo quando a população votou maciçamente pela independência num plebiscito supervisionado pela ONU, as milícias e o poder de Jacarta não resistiram e incendiaram 90% do país. Isso em 1999. De lá para cá, estão tentando reconstruir o país. Do zero.

Isso tudo é mostrado no documentário, com depoimentos, cenas de massacres, de destruição, de tortura. Aos que se interessam pelo tema, pela realidade remota de países longínquos, aparentemente sem qualquer relação conosco, assistam. E mesmo quando persistir a sensação de “o que eu tenho a ver com isso”, pense na barbaridade do fato num mundo que se comunica como o nosso – pelo menos em teoria. Não só no Timor Leste, mas em outros tantos países. Recentemente publiquei filmes como Hotel Ruanda e Darfur que mostram cenas absurdas sobre a África e assim por diante. Sem ser professoral ou moralista, eu diria que alguns documentários são preciosas fontes de conhecimento de situações inimagináveis e reais. É o caso de Timor Leste – O Massacre que o Mundo não Viu, sem que ele precise ser necessariamente uma grande obra cinematográfica, ou qualquer coisa assim. Prefiro ver pelo viés da coragem, do interesse e da intenção de registrar. Para lembrar.

Comentários