SUBURBICON: BEM-VINDOS AO PARAÍSO – SUBURBICON

Cartaz do filme SUBURBICON: BEM-VINDOS AO PARAÍSO – SUBURBICON

Opinião

Rede social já existia há muito tempo, só que em outro formato. A verdade é que a nossa sociedade sempre viveu das aparências e da imagem, que constrói um modelo, que rotula um comportamento e que engessa todo mundo.  Suburbicon é uma grande e engenhosa ironia, pelas lentes do politizado e sensato George Clooney, que chama a atenção para o preconceito racial, da seguinte forma: o subúrbio dos brancos donos do “sonho americano”está em polvorosa porque ali se instalou uma família negra; ao mesmo tempo em que atacam violentamente essas pessoas de bem, não têm olhos pra enxergar que a família supostamente perfeita do personagem de Matt Damon é composta por gente completamente desumana. “Estamos olhando na direção errada”, disse Clooney, na entrevista coletiva no Festival de Veneza, quando o filme foi apresentado.

Bem colocado. É o efeito que produz esse fascínio que a imagem exerce nas pessoas. Perde-se a oportunidade de olhar para os problemas essenciais e coloca-se a expectativa, a culpa, a raiva – sim, Clooney fala muito da raiva e do rancor social – nos ombros das minorias, os bodes expiatórios.

O time é imbatível. Tem os irmãos Joel e Ethan Coen no roteiro – o que dá ao filme um ar ainda mais forte de crítica social e de “tapa na cara”, do tipo: gente, se liga! Habilmente, contam duas histórias paralelas, que não obrigatoriamente têm uma interdependência, mas acontecem ao mesmo tempo e ilustram a mesma hipocrisia. Matt Damon e Julianne Moore são o casal “perfeito”, que vai se transformando no decorrer da trama, até se tornar monstros completos. O olhar infantil na figura dos meninos dos dois lados – do branco e do negro – carrega a esperança de que ainda temos como sobreviver no meio de tanta estupidez e preconceito. E o que me faz gostar cada vez mais do filme é o fato de o humor, que começa negro e termina completamente “noir”, como diz Julianne Moore., conseguir equilibrar cinismo e realidade. Coisa de mestre.

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