SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO – O FILME

Cartaz do filme SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO – O FILME

Opinião

Cheia de preconceito e cansada dessas comédias que são mais-do-mesmo, fui assistir a Sorria, Você Está Sendo Filmado – O Filme. E confesso que me diverti. Mas tem que gostar de teatro. Inspirada no filme Morte de um homem nos Bálcãs (2012), do sérvio Miroslav Momcilovic, a versão de Daniel Filho é feita numa tomada só. Não tem cortes. Ou seja, parece realmente que você está assistindo a uma peça de teatro. Primeira e única dica: quem não gosta do gênero dificilmente vai conseguir entrar na história e se sentir parte desse grupo de pessoas que tem que lidar com o suicídio de um vizinho. Dificilmente você vai se sentir um voyeur. E essa é a grande graça do filme.

Tem muita gente que não achou graça. Dar risada mesmo, não dei. É uma comédia de costumes, sobre o comportamento diante da morte de um estranho – de quem as pessoas se tornam íntimas se preciso, e desconhecidas se assim for mais conveniente. Do porteiro, empregada, síndico e sua esposa, ao “consultor de luto” (que quer vender caixão), corretor de imóveis e peritos, todo comportamento está sujeito ao julgamentos da sociedade, à conveniência da tristeza ou não. Tudo isso porque um escritor que trabalha para a Globo se suicida e deixa a webcam do seu computador ligada, gravando tudo: desde a sua morte até a chegada de todas essas pessoas na sua casa. A visão que nós, espectadores, temos é justamente a da câmera – como voyeurs. Intrusos, ocultos, capazes de julgar cada fala interesseira, cada lágrima de crocodilo, cada gesto manipulado. Tudo como morto largado no meio da sala.

Gostei da ousadia do formato, ainda mais em tempos de comédias tão chatas como as que temos visto por aqui. Pela inovação no gênero, valeu ter visto. Eu que já não queria nem pensar em ver Suzana Vieira fazendo comédia infame novamente, até que gostei dela no papel dela mesma: uma atriz decadente, que precisa se vestir de forma vulgar para tentar se passar por mais moça e conseguir, novamente, um lugar ao sol.

Sinopse: A comédia aborda temas atuais como a superexposição das pessoas em redes sociais e em reality shows e mostra que a reação das pessoas muda à medida que descobrem que estão sendo filmadas. O filme expõe a cômica reação do síndico (Otavio Augusto), do porteiro (Lázaro Ramos), da faxineira (Roberta Rodrigues), da ex-atriz (Susana Vieira), do homem de preto (Lucio Mauro Filho), dos policiais (Juliano Cazarré e Thiago Rodrigues) e outros personagens diante de uma surpresa num prédio até a descoberta da presença de uma webcam ligada filmando toda confusão e gerando uma mudança de comportamento. Inspirado na obra “Morte de um homem nos Bálcãs (2012)”, do sérvio Miroslav Momcilovic.

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