SINFONIA DA NECRÓPOLE
Opinião
Quando um filme é muito original, das duas, uma: ou a história cai no absurdo inverossímil, ou entra no hall das pequenas pérolas. Sinfonia da Necrópole fica nessa segunda prateleira: é singelo, criativo e tem uma pitada muito simpática de humor e emoção. Sem ser nada de muito especial ou complexo. De novo: é um filme simples e este é seu grande trunfo.
Para quem gosta de cinema nacional, vai adorar. A diretora Juliana Rojas tem outro ótimo longa, Trabalhar Cansa, que, aliás, tem esse título incrível! Rodou festivais, inclusive Cannes, e ganhou vários prêmios. Por aqui, não sei se muita gente viu, mas vale a pena. Agora ela vem com esta produção, que é basicamente o seguinte – vai parecer brega, mas não é: um rapaz é ajudante de coveiro, precisa aprender o ofício, é desengonçado e tímido, quando se apaixona por uma agente funerária que precisa reorganizar os túmulos do cemitério. A história se passa e os personagens cantam entra as covas e lápides, numa espécie de musical.
Acredite: é divertido, a química entre os Deodato (Eduardo Gomes) e Jaqueline (Luciana Paes) é muito boa e eles conseguem mesclar graça com sentimento. E, pra quem quiser ir mais longe, dá pra pensar na vida dentro da morte, no dia a dia dos personagens de um cemitério, inclusive dos mortos, na humanização dos ambientes de trabalho (de novo o tema do filme anterior!) em que a gente acha que não têm dinâmica nenhuma.
Se você apostar no cinema nacional, vai ver que tem muita gente criativa, pensando e executando muita coisa fora da caixa. Juliana Rojas é uma delas.
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