SENTIMENTOS QUE CURAM – Infinetely Polar Bear
Opinião
Vários aspectos chamam atenção em Sentimentos que Curam. Eu destacaria dois deles, que fazem o filme valer seu ingresso e lançam uma semente de curiosidade, para você ficar mais atento a produções diferentes, com formatos e propostas incomuns.
A primeira delas é a cara de cinema independente que tem esta estreia da roteirista Maya Forbes na direção. Não tem jeito de superprodução, tem forte carga emocional e consegue transportar o espectador para entro do filme. A segunda é o título original. Se você não costuma prestar atenção nele, tente fazê-lo a partir de agora. Invariavelmente a tradução é adotada por motivos comerciais e perde-se muito ao deixar de lado todo o conteúdo presente na escolha do diretor. Infinitely Polar Bear é uma história autobiográfica da própria diretora, cujo pai era bipolar. Da dificuldade de sua irmã menor pronunciar a palavra “bipolar”, surgiu a ideia do título, que brinca com as palavras e dá ao pai o sentido de “urso polar”, no que ele tem de mais amoroso.
O que de fato faz muito sentido, porque o personagem de Mark Ruffalo (também em Foxcatcher, Mesmo Se Nada Der Certo, Minhas Mães e Meu Pai) é maníaco-depressivo sim, não consegue se firmar no emprego, põe seu casamento a perder, mas é um pai extremamente amoroso e um marido compreensivo. Diante da dificuldade financeira, sua esposa Maggie resolve investir na carreira, fazer faculdade e, com isso, sustentar a família e garantir uma boa educação para as filhas. Invertendo os papéis, Cameron fica responsável por tomar conta das meninas, enquanto ela passa a ser a provedora.
Cheio de ternura, Sentimentos que Curam não deixa de ser uma boa alternativa de título. Com toques de humor, fala da dificuldade de aceitação, da necessidade de adequação e da valorização da família. Fica ainda mais especial quando a gente sabe que é autobiográfico. Inspirador.
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