RENOIR
Opinião
Nos últimos anos de vida, Renoir já sofria demais com a artrite que acometia principalmente suas mãos. Para um pintor teria sido motivo de parar a produção. Não para o impressionista, que trabalhou até morrer em 1919 e deixou um legado incrível.
Renoir, o filme, trata justamente desses últimos anos, em que faltava vigor físico, mas não criativo. 1915, Riviera Francesa. Seu filho Jean, que se tornaria depois cineasta, vai para a guerra, mas tem que voltar para casa porque é gravemente ferido. Nesse momento, Renoir tem uma nova modelo, Andrée, por que Jean se apaixona e que dá, realmente, novos ares à casa, à família e ao trabalho do pintor.
Bonito esteticamente e interessante do ponto de vista da dinâmica dos quadros impressionistas, Renoir é para quem gosta de arte e de filme francês. Típico, tem aquela preocupação com a luz, tão importante nas obras impressionistas, e com o todo, mais do que com a forma. Talvez o que o diretor Gilles Bourdos tenha tentado fazer seja priorizar os pontos essenciais do movimento impressionista em seu filme, para então dar a sensação também de sentimento, intensidade e presente – aquilo que os pintores tentavam transmitir em seus quadros. Além de uma história de amor, mostra um lado que sempre me chama a atenção em filmes de época: a dinâmica do dia a dia, da vida doméstica, o figurino, os modos, a cultura.
Mais do que fazer uma biografia do pintor impressionista, Renoir é um recorte. Contemplativo, assim como seu processo de inspiração e pintura, assim como sua obra. Um recorte de momentos finais da sua vida, quando já mal consegue segurar um pincel, mas não se rende às dores, mas sim à beleza. Das mulheres, dos jardins, da natureza. Se você é amante do olhar dos impressionistas, sinta-se dentro de um quadro, em que o que vale é a sensação do momento presente.
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