PRECIOSA – UMA HISTÓRIA DE ESPERANÇA – Precious: based on the novel “Push” by Shapphire
Opinião
PRECIOSA consegue tratar o tema da discriminação da mulher negra e gorda com um olhar muito diferente. Seria muito fácil cair no lugar comum. É assustadora a crueldade dentro de casa; emocionante, a solidariedade possível fora de casa, admirável, a coragem de Claireece Precious Jones (Gabourey Sidibe) perante a vida. Mas não senti pena – nem uma só vez. Acho que isso faz o filme ser precioso: joga um olhar humano, uma luz de esperança onde a única coisa aparente é a escuridão.
Aliás, essa imagem é da própria Precious – ela diz que há pessoas que, mesmo em um túnel escuro, conseguem manter a luz interior acesa dentro de delas. A luz passa a ser sua única fonte de esperança. O sugestivo do seu nome fica por conta disso: apesar de sofrer todos os preconceitos possíveis sendo mulher negra, gorda, feia, analfabeta e mãe solteira (e outros detalhes mais que vêm no decorrer do filme), Precious tenta se manter longe de qualquer conflito e sonha em ser uma pessoa normal. E são em situações de pavor e medo que ela se dá o direito de sonhar – sonhos esses que interrompem um ciclo por alguns segundos, mas que não são suficientes para mudar a realidade. A mudança só vem com o transformador movimento de solidariedade da professora Blu Rain (Paula Patton) em contrapartida à violência doméstica por parte da mãe (Mo’Nique, vencedora do Globo de Ouro) e do pai.
Com indicações para o Oscar de melhor filme, diretor, atriz, atriz coadjuvante, roteiro adaptado e edição, merece cada uma delas. É preciso assistir para sentir na pele o que Precious sente. E já digo que dá, de fato, para sentir. Assim como dá para sentir admiração e orgulho por cada uma das Preciosas desse mundo.
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