PHILOMENA

Cartaz do filme PHILOMENA

Opinião

A história mais parece ficção do que realidade – muito embora devam existir outras tantas “philomenas” mundo afora. É incrível pela dramaticidade em si: ser forçada a entregar um filho para a adoção, viver com o segredo e tentar reencontrá-lo depois de 50 anos. Só isso já é uma história e tanto. Mas o que poderia ter se tornado um dramalhão, transformou-se em um relato que combina e equilibra tristeza e descoberta, amizade e humor, compaixão e perdão com muita sabedoria.

Quem faz a mágica é o diretor Stephen Frears, também de Chéri e A Rainha. Que não surtiria efeito se não tivesse na outra ponta uma atriz menor que Judi Dench. Sempre talentosíssima e sensível, a atriz brilhou também em filmes como 007 – Operação Skyfall, O Exótico Hotel Marigold, Sete Dias com Marilyn, lembra? Agora ela é Philomena, esta senhora que convive com um segredo que a mortifica dia a dia, e que é revelado após 50 anos. Engravidou quando era adolescente e, abandonada pela família, foi obrigada viver num convento, onde deu seu filho para adoção. Forçada. Nunca se conformou, mas chega o momento em que já não é possível viver sem saber o seu paradeiro. Quem se encarrega de ajudá-la é um jornalista político que anda atrapalhado na carreira e precisa se afastar dos holofotes. Aceita o encargo e Martin Sixsmith e Philomena seguem juntos a procura de Michael.

Tudo vale seu ingresso: a atriz (concorre ao Oscar), a adaptação do roteiro a partir do livro escrito por Sixsmith, a direção inteligente, os toques de humor os diálogos sutis, divertidos, sábios. Mas eu diria que o mais chama a atenção é a capacidade de construir a personagem de Philomena sem torná-la uma vítima (embora tenha sido); e de não apontar a igreja católica como a vilã (embora também tenha sido). As coisas são como são e o resultado é que Philomena tem vida e humor, faz amizades, demonstra seus mais genuínos sentimentos (cenas deliciosas da mais pura simplicidade), é generosa e sabe perdoar. Se fosse amarga, teria justificativa. Mas vive, apesar de tudo, dando uma lição de humildade e alegria. 

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