PELOS OLHOS DE MAISIE – What Maisie Knew
Opinião
Já disse – e repito aqui mais uma vez – que fico particularmente tocada por filmes que conseguem transmitir o sentimento de criança sobre o mundo dos adultos de maneira genuína – montei até uma lista sobre isso. O que se vê com mais frequência são crianças ora infantilizadas demais, ora emancipadas de forma artificial. Fica com aquela cara de promoção-mirim-a-qualquer-preço, que foge totalmente da espontaneidade infantil. E é aqui que a menina Maisie arrasa: um olhar assustado na medida certa; uma atitude sincera como é natural em uma criança.
O filme marca outro ponto positivo, fundamental para fazer a diferença. Não conta nenhuma história que a gente não conheça. Fala de pessoas comuns, que se relacionam, formam uma família, perdem a comunicação e precisam reinventar a relação. Portanto, um enredo de pessoas como nós, comandadas pela mestre Julianne Moore – que inclusive estrelou outros dois filmes dezembro passado, Carrie, A Estranha e Como Não Perder Esta Mulher (veja lista com mais filmes com a atriz) e é sempre uma presença marcante na tela.
Julianne Moore é Susanna, uma cantora de sucesso, que atravessa uma crise no casamento e precisa encaixar a filha na sua rotina maluca de viagens. Enquanto os pais lutam pela custódia da menina, ela fica no meio do tiroteio: a mãe viaja em turnê e namora um barman; o pai é ausente e começa a namorar a babá. No meio do egocentrismo, quem brilha e observa tudo com olhos bem atentos é Maisie, que transmite toda essa simplicidade de que falei acima. É como se ela visse o que os adultos, cheios de preconceitos, interesses pessoais, egoísmo e dificuldade pura e simples de se expressar, não conseguem enxergar. No fundo, ela já sabia qual seria o seu lar. E é esse o olhar especialmente emocionante do filme.
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