PARIS 8 – Mes Provinciales

Cartaz do filme PARIS 8 – Mes Provinciales

Opinião

Em preto e branco, à primeira vista parece que Paris 8 é sobre a juventude de décadas atrás. Não é – e a fotografia é uma das coisas que o filme tem de mais bonito. É sobre o jovem universitário de hoje, que entra na famosa Paris 8 – a universidade de artes, letras, ciências humanas e sociais, criada depois dos protestos de Maio de 68 em Paris, quando os estudantes exigiram que a educação e o conhecimento fossem acessíveis a todos, na tentativa de compreender melhor o mundo contemporâneo – e embarca num mundo todo novo de reflexões e fabricação de arte.

O diretor Jean-Paul Civeyrac não faz um filme biográfico, muito embora tenha colocado muito da sua vivência como estudante universitário e professor de cinema. Traz os questionamentos do jovem, a busca pelo lugar ao sol, por seu caminho artístico, sua marca pessoal na obra. Falando especificamente de cinema, Paris 8 é metalinguagem do começo ao fim. Discute cinema, que vira personagem na escrita de roteiros, nas filmagens, na dificuldade de escrever, de achar o tom, de fazer um cinema profundo, com significado, de protesto ou não, de ser notado e aceito.

Etienne vai de Lyon pra Paris e é através da sua experiência que passemos pelo universo conturbado da produção artística e seus desafios. Regado à pensamentos, citações literárias, reflexões entre amigos e muitas referências cinéfilas (cena abaixo, sobre o cinema italiano!), Paris 8 dá também, com sua fotografia delicada, um panorama do ambiente parisiense, no mood sempre morno e titubeante de Etienne. No fim das contas, é a dificuldade de se entusiasmar com o dia a dia que acaba escrevendo seu de vida

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