Opinião

Este é o terceiro filme desta temporada que aborda o tema da decadência dos artistas e sua difícil inserção no mundo do showbiz quando estão mais velhos, quando os holofotes já estão iluminando outras celebridades e quando o dinheiro já não jorra em abundância. Primeiro foi Birdman, depois Mapa Para as Estrelas, e agora O Último Ato, com Al Pacino. E, pasmem: o ator ainda vai estreiar em mais um filme com o título em português Não Olhe Para Trás. Outra variação do mesmo tema.

Curioso – e bastante significativo. Sinal de que se tem pensado sobre o assunto ultimamente, e não só no mundo dos mortais como nós, mas também nos corredores dos estúdios cinematográficos. Desnecessário dizer que Al Pacino só não representa ele mesmo porque acho que nunca vai faltar trabalho para um sujeito como ele. Mas sim, faz um personagem complexo e parte dele mesmo quando se transporta para o palco na pele do ator de teatro Simon Axler. Envelhecido, que já não se lembra do texto da peça, não se identifica com a publicidade que seu agente consegue angariar para aumentar o caixa e sente-se sozinho. O título original é o mesmo do livro de Philip Roth que o inspirou, A Humilhação. Tem tudo a ver com essa etapa final da vida, com a decadência sem freios, com a falta de espaço, com as portas que não se abrem nunca mais – vide a cena em que ele fica preso do lado de fora do teatro e não consegue voltar, assim como Birdman.

Pelo seu caminho passa a jovem Peggen (Greta Gerwig, também em Francis Ha), filha de um casal amigo que desde criança tem o sonho de seduzi-lo. As idades se misturam, a realidade e a ficção se confundem e Simon já não sabe mais o que fazer com tudo aquilo. Tem um tom forte de ironia na figura de Al Pacino e é daqueles que se você rir, é para não chorar. O drama da idade, do passar do tempo, da longa – e insustentável – convivência consigo mesmo. Fim da linha, último ato.