Opinião

O SOM DO SILÊNCIO, de Darius Marder, é um dos melhores filmes de 2021. Vai contar a história de Ruben, um baterista heavy metal que  forma uma banda com a namorada; eles são parceiros na vida nômade e têm planos de gravar um álbum.

Até que um dia, durante um show, Ruben não ouve o som da própria percussão. Ele acha que é algo momentâneo, só que isso não acontece. O processo é irreversível, a vida desmorona e a jornada do protagonista começa.

Esse é o primeiro longa do diretor Darius Marder e ele faz questão de deixar bem claro pro espectador a sensação que Ruben tem ao perder a audição. Isso porque à medida que o Ruben vai entendendo que é surdo, que precisa trabalhar a aceitação dessa nova condição, desenvolver outros sentidos, aprender a linguagem dos sinais e a se relacionar com as pessoas e como mundo de uma maneira diferente, nós também embarcamos nessa travessia junto.

O recurso que o diretor usa é o seguinte: ele intercala momentos em que ouvimos tudo o que acontece na cena – o som dos carros, do vento, a voz das pessoas, a música tocando; com momentos em que o silêncio é total. Ouvimos aquilo que Ruben ouve. Ou seja, o silêncio.

E, como eu não poderia deixar passar, uma palavrinha sobre o título original: “Sound of Metal”. Metal porque ele, Ruben, toca heavy metal, claro, mas o diretor insere elementos interessantes aqui também, construindo esse significado maior e mais profundo em torno da palavra “metal”. Depois que Ruben fica surdo, o metal continua sendo o material através do qual o som é transportado e vai conectar as pessoas em uma cena linda do filme, quando Ruben interage com uma criança.

O recorte da convivência dele na comunidade de surdos é especial, nos lembrando de que surdez não é deficiência – um aprendizado de viver o presente com o que nos cabe.