O SILÊNCIO DOS OUTROS – El Silencio de Otros

Cartaz do filme O SILÊNCIO DOS OUTROS – El Silencio de Otros

Opinião

Como é injusta a vida.
Não a vida.
Os humanos. Nós somos injustos.

Quem disse isso foi María Martín, que tinha 6 anos quando apoiadores de Franco levaram sua mãe embora. Hoje, María sabe onde fica a vala comum onde ela foi jogada, nua, junto com outras pessoas. Fica à beira de uma estrada. Somos injustos, tem toda a razão. E silenciosos, por conveniência. O Silêncio dos Outros fala disso, da conivência da sociedade, que prefere a zona de conforto ao esforço e à dor de remexer nos erros do passado.

Depois que Franco morre, a oposição aprova a lei da anistia, presos políticos voltam ao país, mas, junto com isso, são anistiados os crimes da ditadura. Foi chamada “O Pacto do Esquecimento”. Isso foi em 1977 e O Silêncio dos Outros , vencedor do prêmio Goya de melhor documentário em 2019, mostra o que aconteceu depois disso.

A geração que cresceu depois de Franco nunca aprendeu a verdade na escola. Ninguém falava disso. Mas crimes contra a humanidade não prescrevem e algumas vítimas dos 40 anos de ditadura, inconformadas em ver torturadores e criminosos vivendo livres e impunes, vão atrás de justiça. Já que essa lei espanhola da anistia não permite que sejam investigados, as vítimas recorrem aos tribunais internacionais para julgar os crimes cometidos pelo Estado. Estudam casos semelhantes no mundo, principalmente de Pinochet, no Chile, que foi processado por um juiz espanhol e preso em Londres, e resolvem por bem abrir o processo na Argentina.

Respaldados pelo conceito de justiça universal, o documentário mostra a luta das vítimas contra esse “pacto de esquecimento” – que é de todos nós, ressoa em todos os países que viveram regimes totalitários. Tocante e impactante, cada um dos depoimentos. Um barulho extremamente necessário.

 

 

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