O RASTRO

Cartaz do filme O RASTRO

Opinião

Filme de terror brasileiro com o panorama mais brasileiro e aterrorizante possível: a falência do sistema público de saúde nacional. Como bem disse Leandra Leal na entrevista coletiva, temos aqui, de fato, um filme de terror, que dá susto, que envolve, que tem suspense e sobrenatural.

O Rastro é o que se chama de filme de gênero – que não faz parte da nossa produção, centrada em comédias. É um tipo de terror tropical: regado a muito suor, foi filmado no hospital Beneficiência Portuguesa na Glória, Rio de Janeiro. Abandonado às traças e caindo aos pedaços, o hospital é também um personagem, claro. É ali que o médico João (Rafael Cardoso) precisa lidar com a transferência dos pacientes para outro hospital, porque aquele vai ser fechado. Não tem condições de funcionar. Mas uma paciente desaparece na transferência e sua vida, que estava tranquila, entra num espiral de angústia e loucura.

Dizer mais de O Rastro é dar spoiler. Aliás, foi um perigo durante a coletiva. Qualquer pergunta poderia ser fatal. Fique atento aos detalhes, porque há várias nuances e reviravoltas, num roteiro bem corajoso, ainda mais para um filme que foge da curva do perfil nacional. O rastro que vai nos conduzindo é o terror psicológico, aquele que consome aos poucos e sem dar descanso, que faz os personagens perderem a razão, que migra para o sobrenatural e para o plano da loucura, mas acaba nos dizendo que, apesar dos pesares e da insanidade, a vida continua. A vida e a loucura nossa de cada dia – porque a gente pira mesmo! – faz com que nada tivesse acontecido. A cara do Brasil, não?

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