O QUE EU MAIS DESEJO – I Wish
Opinião
O que Koichi, o garoto do pôster, mais deseja é ver sua família morando junto novamente. Seus pais se separaram e seu irmão mais novo, Ryunosuke, ficou morando com o pai em outra cidade, enquanto ele e a mãe foram para a casa dos avós. Na cabeça de uma criança de 12 anos e de seus amigos, um milagre é algo possível – e principalmente factível. Nem que para isso seja preciso vender brinquedos para conseguir dinheiro, inventar uma mentira na escola e em casa, fazer as malas e pegar um trem para outra cidade sem ter onde dormir.
Além de poético e criativo, O Que Eu Mais Desejo toca nesse ponto importante do imaginário infantil, que faz tudo ser possível. No Japão, dizem que quando dois trens-balas se cruzam, a energia é tão grande que faz os desejos se realizarem. Acreditando nisso, as turmas dos dois irmãos, cada uma na sua cidade, montam o esquema para a aventura. Combinam de se encontrar num ponto estratégico de uma determinada cidade, onde é possível ver os trens se cruzarem. Sem qualquer complicação ou empecilho, comuns aos adultos, é claro.
Com muita delicadeza, o filme mostra a alma da relação dos irmãos com o mundo, com os pais, com os amigos. Registra, sem interferir. Deposita a sensação de veracidade nas relações e nos sentimentos, de algo genuíno, ingênuo como deve ser nessa idade, verdadeiro nas intenções. Mais do que contar a aventura em si – que é muito bacana também – O Que Eu Mais Desejo é lindo pelo retrato que faz das crianças e da esperança que eles são capazes de nutrir na mais vaga possibilidade de sucesso. Sem falar na incrível atuação dos dois irmãos (são irmãos na realidade), que me envolveram na narrativa com todos os seus desejos e sorrisos.
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