Opinião

Filmes de dentro da sala de aula podem ser inspiradores – e, muitas vezes, são transformadores. Quando isso acontece, invariavelmente não é uma via de uma mão só – aluno e mestre são impactados, o crescimento á mútuo, o aprendizado, eterno. O título original em francês de Melhor Professor da Minha Vida fala remete aos grandes mestres, grandes pensadores. Isso, mestre, professor, pensador que é tudo isso, atua junto. E essa é a magia da sala de aula. Ou deveria ser.

Outras referências vêm naturalmente: Sociedade dos Poetas Mortos, Numa Escola em Havana, Dentro dos Muros da Escola, Uma Lição de Vida, Tudo que Aprendemos Juntos. Este aqui é comédia, pilotada pelo ótimo ator Denis Podalydès (também em Chocolate). Ele é professor de uma escola particular em Paris, de alunos de classe alta, que acham que já tem a vida ganha e não querem saber de aprender. Mal humorado e desmotivado, acaba entrando de gaiato em um projeto na periferia e se depara com o desafio de ensinar em uma escola pública, para adolescentes imigrantes e desfavorecidos, com problemas de comportamento e sem qualquer comprometimento.

Singelo, sem excessos e bem humorado, fala da questão social, do preconceito, da dificuldade desse jovem se inserir. Mas traz, principalmente, o que esses outros filmes também abordam, que é o pulo do gato da educação: adequar a linguagem, criar temas de interesse, abandonar o formato em que o aluno é passivo e fazê-lo acreditar que ele é, realmente, capaz. Falar sobre a literatura de Victor Hugo de uma maneira menos engessada pode ser irresistível – e acende a fagulha do estímulo e do entusiasmo. Aprender fica interessante. Bingo!