O HOMEM MAIS PROCURADO – A Most Wanted Man
Opinião
Não faltam elementos nas atuais relações internacionais para um bom thriller e é essa, mais uma vez, a fonte de inspiração do escritor John Le Carré. É dele também a incrível história de O Jardineiro Fiel, levado pra telona com louvor por Fernando Meirelles, sobre o forte lobby da indústria farmacêutica no teste de medicamentos na África. De novo, o tráfico de influências ditando as regras e dando voz ativa ao detentor do poder financeiro. Em O Homem Mais Procurado, o mote é o terrorismo, alimentado pela busca insana aos terroristas muçulmanos extremistas infiltrados no Ocidente depois do atentado de 11 de setembro.
Prepare-se para um thriller com ritmo acelerado, múltiplos interesses políticos e econômicos e personagens dúbios. O grande protagonista é Günther Bachmann – digo grande porque o ator Philip Seymour Hoffman está espetacular e este é seu último longa. Ele é um agente secreto que dedica seu tempo a observar e investigar passos suspeitos de integrantes da comunidade muçulmana em Hamburgo. O imigrante ilegal Issa, meio russo, meio checheno, inspira suspeitas e Bachmann e sua equipe começam a monitorar seus passos. Em cena, entra a advogada de direitos humanos Annabel (Rachel McAdams, também em Questão de Tempo), que resolve ajudar o imigrante a encontrar um banqueiro, que teoricamente guarda a herança deixada por seu pai.
Toda essa movimentação gera interesse da CIA na Alemanha e do serviço secreto deste país. É aqui que entra o jogo político, a luta pelo poder e pelo mérito das complexas operações que tratam de desvendar as redes de enriquecimento ilícito e financiamento de atos terroristas. Preste atenção em todos os detalhes, porque eles são reveladores de um desfecho surpreendente. Tem um ritmo parecido com Munique, que instiga você a querer ver de novo, a prestar atenção em falas e ações sugestivas que escaparam, em indícios que pudessem levá-lo a descobrir se Issa era um terrorista ou apenas um sujeito buscando asilo político depois de ser brutalmente torturado em seu país. O livro foi reeditado e, pelo jeito, também vale a leitura. Mas confesso que assistir à dinâmica frenética dos atores Hoffman, Daniel Brühl (também de Rush – No Limite da Emoção), Nina Hoss (também em Barbara), William Dafoe, Robin Wright (também na série House of Cards) e Grigoriy Dobrygin é mais convidativo e merece ser revista.
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