O FILHO DO OUTRO – Le Fils de L’Autre

Cartaz do filme O FILHO DO OUTRO – Le Fils de L’Autre

Opinião

Recentemente assisti a Uma Garrafa no Mar de Gaza, de Thierry Binisti, e agora o tema volta com O Filho do Outro. Não importa aqui se as histórias são possíveis ou verossímeis. Gosto dos dois filmes por um motivo muito simples: tratam da questão complicadíssima da intolerância entre judeus e palestinos. Além de conter tudo o que vem na cabeça quando se fala no assunto – territórios ocupados por Israel, escassez de recursos em Gaza, preconceito racial, terrorismo, violência – aborda o tema a partir do ponto de vista do jovem. E é isso que mais me interessa aqui. Se alguém ainda tem condição de mudar alguma coisa nesse barril de pólvora, ele pertence à essa nova geração.

O filme trata de uma maneira simbólica, por isso não se preocupe, repito, se não soa real. O que importa aqui é o que o filme traz à tona e como é possível – e agradável – usá-lo como os nosso adolescentes e jovens para ilustrar e conversar sobre o assunto. Joseph é judeu e mora em Israel; Yacine é palestino e vive na Cisjordânia. Ao fazer os exames para ingressar no serviço militar, a mãe de Joseph (Emmanualle Devos, também em A Criança da Meia-Noite, Coco Antes de Chanel), descobre que ele não é seu filho e que foi trocado por outro bebê. Palestino.

De uma maneira sutil e sensível, as famílias vão se ajustando à nova realidade (o trailer abaixo é interessante). O olhar materno sempre mais conciliador; o paterno, revoltado. O lado materno com tendência à reunião dos opostos; o paterno, ao afastamento. Nesse contexto entra o olhar do jovem desprovido do preconceito enraizado, ainda com espaço interno para trabalhar as diferenças e a tolerância. Além de bem produzido e bem representado, reforço a beleza do filme para ver em família e a forte característica didática do tema. E sob olhar jovem, o que nos livra do estigma da visão pesada, preconceituosa e já doente do mundo adulto.

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