O EQUILIBRISTA – Man On Wire

Cartaz do filme O EQUILIBRISTA – Man On Wire

Opinião

O equilibrista-protagonista do filme – e da façanha – é o artista Philippe Petit, um francês que dizia que as Torres Gêmeas tinham sido feitas para que ele pudesse ligá-las pelo vértice através de um cabo de aço para poder, assim, ir e vir livremente. Esse era seu sonho, perseguido até que fosse possível realizá-lo em 1974: durante 45 minutos, ele percorreu o cabo de aço 8 vezes, ajoelhou-se, deitou-se, fez reverência, olhou para baixo, apreciou o seu público e deu-se, então, por satisfeito.

Vencedor do Oscar, do Sundance e de outros 25 prêmios na categoria documentário, O Equilibrista conta a trajetória de Petit equilibrando-se em outros monumentos mundo afora, até atingir os 417 metros do topo das Torres Gêmeas. Mistura imagens reais da construção do WTC, encenações das dificuldades de preparo dessa aventura com depoimentos de parceiros da época. É uma lição de superação e até de persistência, sem falar nas imagens que são emocionantes.

Mas o que mais me causou consternação foi pensar que essas torres gigantescas simplesmente não existem mais. Quando aparecem as imagens da construção, dos operários, do vazio sendo preenchido pela montanha de concreto que se tornaria o templo do império americano por tantos anos, elas se confundem com aquela montanha de concreto retorcido depois dos atentados, com o vazio na silueta de Nova York, com os milhares de mortos e os milhares de profissionais que ajudaram retirar de cena o que restou da tragédia.

A proeza e ousadia de Petit são impressionantes. E o documentário não traz só o fato em si, mas retrata também as sensações, satisfações e medos daquele momento. Senti que não é uma apologia ao WTC ou uma lembrança indireta ao atentado. É um registro de um fato real. Mas não dá para desassociar uma coisa da outra. As imagens de 11 de setembro marcaram nossas vidas para sempre. Assistir ao planejamento de Petit, ao estudo minucioso que fez das torres, aos desafios e dificuldades para conquistá-las me fizeram pensar no planejamento feito pelos terroristas para desconstruí-las. Quase que uma ironia do destino. Mas o fato é que depois do atentado das Torres Gêmeas, o mundo nunca mais foi o mesmo. Quem não se lembra do que estava fazendo na hora do choque do primeiro avião? Eu amamentava minha filha no instante em que tudo aconteceu. Na hora não me dei conta, mas tinha pela frente um mundo diferente para apresentar a ela.

 

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