Opinião

Marguerite é matemática e sua vida só faz sentido através da lógica. Está pronta pra defender a sua tese na melhor universidade da França, a École Normale Supérieure, mas algo não se encaixa no seu raciocínio genial. É como se a falha fizesse toda a linha de pensamento desmoronar e, com ela, desmorona também a própria Marguerite, que se ancora na razão pra não sentir emoção.

Assim diz seu mentor e orientador: na matemática, não há lugar pra emoção. A partir do fracasso aparente, sua vida vai na direção oposta. Afasta-se de seus colegas matemáticos e competitivos e conhece alguém do mundo das artes e da dança. É através do contato com pessoas que pensam diferente, que não bloqueiam a emoção que Marguerite vai conhecer esse seu lado mais emotivo e afetivo.

O DESAFIO DE MARGUERITE continua sendo matemático e teórico, mas sua jornada se modifica quando ela entender que é uma só. Que razão e emoção caminham juntas e que seu pensamento lógico, que sempre deu conta de explicar o inexplicável, agora precisa confiar também na intuição pra fazer sentido. Anna Novion constrói um filme singelo, mas humano; uma personagem que não tem alternativa senão aceitar o desafio de entender sua própria complexidade e sair da caixa.