O CORVO – The Raven
Opinião
Edgar Allan Poe está na memória longínqua e restrita de quantos de nós? Imagino que de poucos. Pensando nisso, talvez fosse interessante repassar um pouco da trajetória desse poeta e escritor norte-americano, para entendermos que o filme O Corvo não é uma biografia, mas sim uma obra de ficção inspirada na morte de Poe (1809-1849), que foi um importantíssimo autor de literatura policial, com contos cheios de sangue, mistério e crimes horrendos, numa ambientação absolutamente sombria e percursora do gênero.
Aproveitando-se da sua morte misteriosa aos 40 anos, quando foi encontrado completamente fora de si em uma praça de Baltimore, escreveu-se o roteiro. Por que Poe enlouqueceu? Esse foi o gancho usado para compor a história de O Corvo, que usa os contos do escritor como peças-chave para o mistério. Na direção de James McTeigue, Poe (John Cusack) é um escritor medíocre de um jornal, que luta para publicar suas histórias e ganhar a vida. Até que começam a acontecer crimes horrendos, nos moldes daqueles imaginados pelo próprio Poe em seus contos, usados como inspiração pelo assassino. Mãe e filhas são brutalmente estranguladas, um corpo é cortado ao meio por um pêndulo gigante, um assassinato ocorre numa ópera. Tudo fica ainda mais grave com o rapto da sua namorada Emily (Alice Eve). A investigação, coordenada pelo detetive Fields (Luke Evans), precisa contar com a lógica e esperteza de Poe, que tem frescos na memória o enredo de suas histórias.
John Cusack não é lá grande coisa – mas não tem sido há tempos, vide o fraco 2012. Mas O Corvo, inspirado no nome de um de seus contos, imagino que agrade aos que gostam de suspense fantástico e de um roteiro mais mastigado. É criado o clima sombrio dos Estados Unidos de meados do século 19 e Poe vira o detetive da história juntando as peças do quebra-cabeça deixadas pelo serial killer. Tudo para chegar no paradeiro de Emily e não enlouquecer de vez.
Se for para falar de suspense recente, eu diria que gosto mesmo do roteiro de Os Homens que não Amavam as Mulheres, da série sueca Millenium, Ilha do Medo, de Scorsese, O Escritor Fantasma, de Polanski, ou Deixa Ela Entrar, do também sueco Tomas Alfredson – para citar alguns (uma busca no Cine Garimpo vai dar a você várias boas opções). Mas O Corvo fica em outra prateleira, na dos filmes que distraem. Se Poe não habitasse nossa curta e longínqua memória como imagino, talvez aproveitássemos mais as referências que o filme faz à sua obra. De qualquer maneira, traz à tona o nome do escritor e o gênero de seu talento. O que já é alguma coisa para mentes tão esquecidas.
Nos cinemas: 18 de maio
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