Opinião

A ideia é boa e já há muito debatida: qual a medida da exposição da vida particular de cada um de nós, nesse mundo das imagens, das redes sociais, das informações interligadas? Temos privacidade? Até que ponto é saudável compartilhar nossos passos e tornar a vida pública?

Quem viu O Show de Truman, de 1998, sabe do que eu estou falando. A gente vive, sem se dar conta, em um grande Big Brother: nossos dados pessoais e bancários são compartilhados pelas empresas, monitorados pelas instituições financeiras, analisados pelo governo, e minuciosamente observados pelos amigos e pseudo-amigos das redes sociais. O que O Círculo, essa empresa de tecnologia fictícia, propõe é cruzar todos os dados, incentivar você a abrir o jogo complemente, expor a vida toda, para que um sistema interligado preste todos os serviços possíveis, fazendo você mais feliz. Que tal? Mas o preço a pagar é bem alto.

Elenco de peso, Emma Watson e Tom Hanks; mas roteiro falho, chato, cheio de buracos. O Show de Truman supera e muito, inclusive na metáfora de quanto vale escancarar a vida e perder a privacidade. Pensando novamente sobre o filme enquanto escrevo, ainda tenho algumas dúvidas sobre as escolhas do diretor. Termina o filme e a gente não sabe quem realmente é o personagem de Tom Hanks (mocinho ou bandido?). Básico, né? Resta saber se o livro homônimo traz algumas das respostas que ficam no ar.