MISS JULIE

Cartaz do filme MISS JULIE
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Opinião

Vou menos ao teatro do que gostaria. E quando me vejo programando o que assistir, tenho que pensar duas vezes antes de propor o programa. Não é todo mundo que curte de teatro – ou melhor, eu diria que a maioria das pessoas tem preguiça, já parte do pressuposto que é algo monótono, ou não se sente à vontade com o atores assim, tão perto. Tem gente que simplesmente diz que não gosta e pronto. (Vai ver nunca foram assistir nada que preste.)

Por isso, tomo cuidado ao recomendar um filme-teatral. Assim como fiz com o brasileiro Sorria, Você Está Sendo Filmado. É teatro: um só cenário, um só ponto de vista, a câmera que não muda de posição. Um filme não tem absolutamente nada a ver com o outro, mas o gênero sim. Mais do que o tema de Miss Julie, é importante dizer que essa produção praticamente só tem tomadas internas, dentro de um palacete, com os personagens em conflito. As poucas tomadas externas são rápidas e sem importância. Dão um pequeno alento, mas não o suficiente para que você se sinta fora do “teatro”.

Dito isso, vamos ao filme em si. Jessica Chastain (também em O Ano Mais Violento, Dois Lados do Amor) é Miss Julie, a filha mimada de um aristocrata anglo-irlandês, que dá em cima descaradamente do empregado de seu pai (Colin Farrell, também em Caminho da Liberdade e Walt nos Bastidores de Mary Poppins) e os dois passam o filme se desafiando. Tudo no verão de 1890, no Condado de Fermanagh. A única personagem que é o contraponto da história é Kathleen (Samantha Morton), namorada de John, mas que se enfraquece diante da intensidade das discussões. Bem cena de teatro mesmo. Parece que eles estavam cara a cara comigo. Acho um filme corajoso – não claustrofóbico, como disseram alguns. Ainda mais com Chastain no elenco – definitivamente ela vem ocupando um lugar de destaque na telona que é de tirar o chapéu.

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