MILTON BITUCA NASCIMENTO
Opinião
Especial 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Pra quem não sabe, Milton Nascimento é carinhosamente chamado de Bituca pelos amigos. E são muitos. “É por causa do “bico”, de alguém bravo, mandão”, explica Flavia Moraes, diretora do documentário MILTON BITUCA NASCIMENTO, que faz sua pré-estreia na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Chico Buarque que o diga — ele confessa que “Bituca manda, eu obedeço”!
Mas não imagine que este é o tom do lindo filme que Flávia faz acompanhando a última turnê de Milton. De última, só tem a turnê. A rotina de rodar o pelos palcos do mundo é puxada, mas ele continua na toada musical, ainda bem! Mas já que seria a última, este foi o recorte do doc que quebrou minhas expectativas. “Nunca foi minha intenção fazer um documentário tradicional”, diz Flávia, com quem conversei por zoom. Flávia não pôde vir a Tiradentes. “É um road movie centrado na humanidade do Milton. Cada entrevistado, de Quincy Jones e Spike Lee a Maria Gadú e Carminho, ajudou a compor este recorte.”
Verdade. Emociona ver a convergência de talentos numa voz única de que Milton é único na sua potencial como músico. Inclusive na capacidade de agregar diferentes gerações e gêneros musicais. Cada um canta Milton à sua maneira, provando que sua música é universal. E toca corações.
Tocou o meu — na segunda sessão do filme em Tiradentes, ao ar livre na praça, eu vi de novo. É contagiante e parece que foi pra ele também. “No final, Milton estava mais leve e feliz do que quando começamos o filme”, confessa. Cada letra traz memórias. Um artista carioca com alma mineira, lindamente retratado na sua musicalidade e humanidade. BITUCA não é um documentário óbvio, porque ele também não o é. Também não é Fernanda, a narradora de um texto poético e bem humorado, porque ela é Montenegro. São muitas energias cativantes costuradas pra compor Bituca. Só vendo pra saber.
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