MENINOS NÃO CHORAM – Boys Don’t Cry
Opinião
Conforme disse no comentário do filme Transamérica, publicado há pouco, foi coincidência assistir a dois filmes sobre o mesmo tema na mesma semana, sendo que cada um aborda a transexualidade de um dos gêneros. Destaquei também a destreza e o talento das protagonistas – fundamental para que o assunto seja tratado com a seriedade devida.
Diferente de Transamérica, Meninos Não Choram não tem humor. Pelo contrário, é duro e violento. Brandon Teena (Hilary Swank, também em A Condenação, Menina de Ouro) é um rapaz que sobre de transtorno de identidade de gênero. Nega sua feminilidade, quer ser homem, usa acessórios que o tornam mais masculino, finge ser realmente homem e consegue inclusive despertar o desejo de uma moça heterossexual.
Mas o ambiente não é nada propício: Brandon vive no interior dos Estados Unidos, numa sociedade conservadora, entre jovens sem instrução, educação, perspectiva de vida, de emprego, de carreira. Onde o sexo, o álcool, as drogas, a criminalidade são a válvula de escape, até as últimas consequências. Embora o começo do filme, em que Brandon consegue dissimular sua sexualidade, pareça apenas uma aventura de jovens desvairados e inconsequentes, o que se vê a seguir é o resultado da intolerância, do desrespeito e do mais cruel absurdo.
Meninos Não Choram deu a Hilary Swank o Oscar e o Globo de Ouro por sua atuação brilhante – a meu ver, melhor do que seu papel em Menina de Ouro, também premiado. Além da atuação em si, o personagem cresce à medida que aumenta a dramaticidade da trama, que o preconceito e a violência tomam conta das mentes alteradas de uma juventude sem objetivos, sem distração, sem rumo. Um filme duro, mas que vale ser visto. Afinal, é uma história real que aconteceu nos anos 90, assim como tantas que vemos acontecer ainda hoje nas cidades mundo afora.
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