Opinião

Batalha inglória já na largada essa de matar um tigre. Assim viram a situação de um pai que decide ir até as últimas consequências pra condenar os estupradores de sua filha. Mesmo diante da provável absolvição dos criminosos num uma sociedade rural machista e misógina como a indiana, ele não desiste. Sabe que sua jornada é equivalente a desconstruir um modo de pensar e de agir. E segue, contra todas as previsões, pra fazer justiça. 

Nisha Pahuja, diretora deste documentário que concorreu ao Oscar, mostra uma sociedade que costuma resolver casos de estupro coletivo como este sem acessar nem justiça, nem polícia. Com anuencia dos moradores dos vilarejos, meninas são obrigadas a se casar com seus estupradores como forma de salvar a honra da família. MATAR UM TIGRE acompanha a jornada desta família, que nada contra a maré e tem, na figura do pai, a determinação não só de defender a filha, mas de olhar pra ela como mulher e ajudar a mudar essa dinâmica perversa do machismo enraizado.