Opinião

Marvin é a história de um garoto que sofre bullying na escola, tem uma família disfuncional e acaba se afastando dela na vida adulta pra tentar ser feliz. Apesar da narrativa conhecida, algo na forma com que é contada dá corpo ao drama – e alma ao protagonista, tanto criança, quanto adulto.

Pelas lentes da diretora Anne Fontaine (também de Agnus Dei), a infância e a vida adulta de Marvin vão se mesclando, com cortes brutos – assim como acontece com a sua vida. Tudo bruto – a comunicação violenta, o pai agressivo, a escola cruel. Em meio à doçura do garoto, é o teatro que se apresenta como válvula de escape para falar da dor, da rejeição e do preconceito.

Isabelle Huppert (também em Elle) é ela mesma, uma atriz que acredita em Marvin enquanto potencial ator e roteirista, que lê seu texto e atua no palco com ele. A narrativa da peça vai ser a catarse que ele precisa para superar os traumas. O palco é o rito de passagem. Lindamente representado.

Sobre homofobia, violência doméstica, preconceito, bullying. Mas principalmente sobre caminhos de cura para traumas que são impressos na alma. Finnegan Oldfield (também em Corpo e Alma) esteve no Brasil para promover o filme e deixa sua marca como ator promissor da cena francesa.