Opinião

Recentemente assisti ao documentário My Beautiful Broken Brain, também sobre coragem. Muita coragem. Lotje tem 34, sofre um AVC severo, perde a capacidade de falar e processar a linguagem, e tem que reaprender tudo de novo. Como já trabalhava com mídia e cinema, faz um doc registrando seu processo de recuperação, aprendizado, frustrações e conquistas. Transformação pura. Impressionante.

Lembrei porque A Luta de Steve tem um panorama parecido – aliás, quando você estiver desanimado, lembra deles… Steve Gleason é um super atleta do futebol americano, jogador da NFL, que se vê, da noite para o dia, perdendo os movimentos, a fala, a autonomia e a vida. É diagnosticado com ELA, esclerose lateral amiotrófica, doença degenerativa incurável. Os músculos vão perdendo a força e a coordenação, até a sua paralisia e consequente morte do paciente. Steve é jovem, saudável e recém-casado. Quando sabe da doença, sabe também que será pai. Escolhe a luta e, assim como Lotje, resolve registrar tudo em vídeos – aqui é para que seu filho o conheça no futuro. Os filmes evoluem para este documentário, ele cria uma fundação e arrecada fundos para suas ações e campanhas, que visam ajudar outros portadores da doença.

Com  o inevitável sofrimento que a doença carrega, Steve e sua mulher conseguem fazer um registro sem enfatizar o sentimento de pena. O que fica é a determinação de viver e de ajudar outros que não têm a influência na mídia que o jogador conseguiu com sua carreira, nem recursos financeiros para o suporte médico necessário. Tem tristeza, mas o que fica muito forte é o exemplo – sem que para isso tenha cara de lição de moral – de perseverança e coragem. Muita coragem.