LOLA E O MAR – Lola vers la mer

Cartaz do filme LOLA E O MAR – Lola vers la mer

Opinião

Que delicadeza é LOLA E O MAR, este filme belga que fala da questão universal da aceitação. Num recorte bem específico da relação familiar entre uma jovem trans e seu pai, penso na personagem da Lola como alguém que quer ser vista, ouvida, aceita como ela é.

Lola mora num abrigo e recebe a notícia de que sua mãe morreu. Vai ao velório e a cena da relação tumultuada com o pai já está posta. Assim como preconceito, a dificuldade de lidar com as diferenças, de afastar as expectativas desse pai rejeita o que ele não conhece. Não conhece Lola, essa jovem que se prepara para fazer a cirurgia, mas que já é mulher. É assim que ela se sente e quer ser respeitada por isso. Como disse uma personagem acolhedora a esse pai rígido e intolerante: “ninguém resolve passar por isso [transexualidade] para irritar os pais”. Simplesmente é assim. 

LOLA E O MAR é um road movie — aquele formato de narrativa em que os personagens percorrem um caminho físico no filme, vão de um lugar ao outro, pra mostrar a transformação interna também. Depois de trilhar o caminho (Lola e o pai vão em direção ao Mar do Norte, na casa onde ela passou a infância), os personagens não são os mesmos lá do começo e o convite é para que nós, espectadores, façamos essa jornada junto.

Mya Bollaers é uma atriz trans e faz aqui seu primeiro papel. Levou o Prêmio Magritte (Oscar belga) e faz com a força e delicadeza exigidas pelo personagem. Entrega, acima de tudo, sua humanidade.

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