A LINHA – LA LIGNE

Cartaz do filme A LINHA – LA LIGNE

Opinião

Assistido na 72ª Berlinale_2022

Deixo em francês o título, mas a tradução será literal: a linha. Diz respeito à linha que Marion, de 12 anos, pinta no chão ao redor da sua casa, marcando o diâmetro de 100 metros. Esta é a distância que sua irmã, Margareth, tem que manter por três meses. Agrediu fortemente a mãe e foi repreendida judicialmente com essa medida restritiva. É com essa briga, em câmera lenta, ao som de ópera, que começa o filme.

A LINHA não é sobre a mãe (Valeria Bruni Tedeschi), nem sobre Margareth. O desequilíbrio das duas é evidente e não dá muito pra saber quem começa o quê. O que dá pra saber é que o velho problema da comunicação existe e impera. Reconstruir-se e reconhecer-se é o desafio.

Mais do que fazer um retrato dessa fase adulta, o que A LINHA tem de especial é justamente Marion, que tem a ideia de desenhar esse perímetro pra, ao mesmo tempo, manter a irmã longe da mãe, como manda a justiça, e possibilitar que ela se aproxime neste limite. É ela que traz a magia da idade, a criatividade que ainda não tem o filtro da idade adulta pra resolver os problemas da família.

Ter razão é o que menos funcionaria nessa condição em que todos estão feridos e que não é possível voltar atrás. É Marion que quebra essa lógica e dá ao filme, à loucura da mãe e da irmã, a afetividade que abre uma possibilidade de cura.

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