JEAN CHARLES

Cartaz do filme JEAN CHARLES

Opinião

Não é muito difícil identificar brasileiros em Londres. Eles têm uma maneira característica de se vestir e fica fácil pinçá-los no meio de tantas nacionalidades – no caso do filme, ficou faltando só o sapato London Fog que todos nós usávamos quando adolescentes na Europa. Agora saiu de moda. Quando vi o cartaz e reparei na jaqueta jeans por cima do casaco de moletom, logo percebi que não se tratava somente da vida e morte de Jean Charles em Londres. Que ia mais além, falando dos brasileiros imigrantes com um todo, da ajuda mútua nas cidades européias, das falcatruas para se manter na ilegalidade.

Gostei do filme. Mostra sua convivência com os primos e outros compatriotas da comunidade londrina, com até algumas situações engraçadas, tipicamente brasileiras – eu diria. Mas o que seria uma história comum, vira um drama. Jean Charles não é pintado de vítima, mas de fato foi brutal e injustamente assassinado.

Mostra também o lado inglês da busca neurótica por terroristas, do preconceito, do ar de superioridade. Mas o forte do filme é realmente a verossimilhança. Selton Mello arrasa no papel, Vanessa Giácomo é a própria garota ingênua de interior que cresce na marra. Vale dizer que alguns personagens, como a prima Patrícia e o ex-patrão Maurício, são interpretados por eles mesmos – mais uma garantia de que a história foi contada a partir do ponto de vista de pessoas que participaram efetivamente da vida de Jean Charles. E pensar que a BBC não quis seguir com o projeto do filme… alegaram conflito de interesses. Bom para Henrique Goldman, que ficou com o caminho livre para humanizar a história.

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