JACKIE

Opinião
Havia várias maneiras de falar do momento em que John Kennedy foi assassinado durante a carreata em Dallas, no dia 22 de novembro de 1963. Pelo diretor Pablo Larraín, o enfoque é dúbio. O momento após o tiro é contato através da entrevista que Jackie dá a um jornalista. Sua dor evidente se contrapõe à postura cuidadosa de viúva dos Estados Unidos, de moradora da Casa Branca, de mulher do homem cobiçado por todas, de alguém que quer – e precisa – deixar seu legado. De frágil e good wife, Natalie Portman (também em Cisne Negro, Um Beijo Roubado), indicada ao Globo de Ouro e Oscar pelo papel, consegue plantar a imagem da mulher astuta, consciente e política. Era preciso mostrar o que tinham feito com o presidente.
Diretor também de No, que mostra o momento do político importante no Chile, Larraín aqui também se preocupa em construir uma Jackie consciente de sua posição política, o que faz um contraponto importante com esse ícone da elegância, daquele que ditou as regras da moda nos anos 60, daquela que era a cara da América. Não é à toa que o filme concorre ao Oscar de melhor figurino. O diretor fez questão de fazer esse lado estético impecável, assim como era Jackie. Sempre elegante. Até suja de sangue, até quando precisou pontuar que seu marido entraria, sim, para a história. De fato, falou e disse.
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