FALLING – AINDA HÁ TEMPO – Falling

Cartaz do filme FALLING – AINDA HÁ TEMPO – Falling

Opinião

De novo vamos pro lugar inevitável do envelhecimento, num relato que tem eco na vida real de Viggo Mortensen, ator que faz um dos papéis centrais, mas também roteiriza e dirige FALLING – AINDA HÁ TEMPO. Digo “tem eco” porque não é autobiográfico, mas traz trechos de lembranças vividas por ele, experiências registradas no íntimo sobre o que foi a relação de seus pais.

Viggo está vigoroso em todas as suas camadas. No filme ele é John, um homem que vive na Califórnia com seu marido e a filha, e precisa cuidar do pai que mora sozinho numa fazenda e já apresenta fortes sinais de demência, junto com agressividade. Ao trazer o pai pra passar uma semana na sua casa, a relação entre os dois pega fogo.

O título FALLING leva a gente para o óbvio lugar da perda, do fim, da queda. E também para aquele lugar comum da vida que é revisada, onde abre-se finalmente espaço pra reconciliação, agora que nem todas as peças que formam a tensão familiar estão presentes – que é explicado no subtítulo, na tentativa de suavizar a chegada no fundo do poço. No fim das contas, a versão brasileira fica dúbia e até me causa graça.

Tudo isso pra dizer que, embora o filme proponha esse lugar comum em termos de premissa narrativa, Mortensen o faz com intensidade e personalidade. A força que tem o personagem de seu pai, na pele de Lance Henriksen, é imensa e é ela que move os personagens ao redor do rancor, da violência, da agressividade, de homofobia e de repentes de quieta lucidez. Viggo Mortensen constrói personagens complexos, que não são nem bons nem ruins o tempo todo, que mal conseguem compreender a si próprios, quem dirá compreender o outro. Um profundo exercício de paciência e compaixão.

 

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