EM PARIS – Dans Paris

Cartaz do filme EM PARIS – Dans Paris

Opinião

É possível que uma história de amor faça realmente alguém pular de uma ponte? – Jonathan

Com essa pergunta, Jonathan (Louis Garrel) começa a contar o que aconteceu em um dia da sua vida e da vida do seu irmão mais velho, Paul (Romain Duris, também em Como Arrasar um Coração, De Tanto Bater meu Coração Parou e Paris). Paul acaba de se separar da mulher Ana (Joana Preiss), entra em depressão e volta a morar com o pai. Não vê a mãe há dois anos, não tem vontade de levantar da cama e aos poucos ficamos sabendo que se tratava de uma relação um tanto quanto estranha e intensa, mas que ele não consegue superar o rompimento.

Disse tudo isso logo de cara para deixar claro que o filme tem um ar melancólico sim (afinal, Paul está deprimidíssimo), mas que fala justamente do respeito por essa dor, pelo luto e pela vivência do momento difícil. Fala da dificuldade de vencer o sofrimento, que seria o mesmo que matar uma fase da vida, uma pessoa que ainda se ama. Ao mesmo tempo que Paul externa a dor, Jonathan mascara seu sofrimento levando uma vida amorosa superficial, sem compromissos – tive até dificuldade de saber o que movia o jovem Jonathan. Há entre os irmãos uma nostalgia referente à intimidade, ao tempo em que viveram juntos, ao tempo que não volta. Uma dificuldade de ver o futuro, mas há momentos de cumplicidade e de alegria juntos (no pular da ponte, na história do livro de criança).

Quando Jonathan pergunta ao espectador que amor faria alguém pular de uma ponte, é como se nos convidasse a tentar entender por que o sofrimento acontece e por que ele é tão dífícil de ser compreendido. Tudo isso faz Em Paris ser muito bonito e profundo, numa linguagem nada óbvia, muito sensível. Os diálogos são econômicos e capazes de retratar o perfil de anos de relações, tamanha a sensibilidade do diretor Christophe Honoré. E finalizo dizendo o seguinte: Em Paris vale a pena por todos os motivos acima (para quem gosta de filme francês), mas a cena mais bonita, mas poética, que me fez voltar várias vezes o filme para assistir novamente, é quando Paul e Ana cantam juntos Avant la Haine no telefone. Não resisti e coloquei o trecho abaixo. Vale a pena escutar.

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