Opinião

Em Elsa & Fred – Um Amor de Paixão, ela é uma senhora independente e encrenqueira, que se diz viúva. Mora sozinha, faz algumas falcatruas e muitas caras e bocas. Quer se divertir, aproveitar o tempo que lhe resta, sair do comum, cair no inusitado e rir, rir muito. Sempre levou uma vida cheia de altos e baixos, mas nem por isso perdeu o senso de humor e a capacidade de sonhar – mesmo que esses sonhos fossem recheados de algumas mentirinhas.

Fred é o oposto. É viúvo de fato, depois de 40 anos casado com uma mulher tradicional, “organizada” – como ele mesmo diz. Teve uma vida totalmente dirigida pela esposa, orientada para a família – que nem por isso lhe rendeu uma relação afetiva com a filha ranzinza (Blanca Portillo, também em Abraços Partidos). Além de chata, teve uma vida previsível.

Ao se conhecerem, percebem que se completam: ela ganha a segurança e a afetividade que precisava; ele, a alegria de viver e a irreverência. Um encanto de filme. Vale ver ou rever. É uma lição para quem acha que as relações não podem ser reinventadas. Gosto quando ele diz a ela algo como: “Pena que não te conheci antes”. Sábia e muito naturalmente, ela responde: “Mas ainda bem deu tempo de nos conhecermos”. A questão é olhar para frente, pois sempre há novas e positivas perspectivas – depende do ponto de vista.