E AGORA, AONDE VAMOS? – Et Maintenant On Va Où?-
Opinião
O primeiro filme da libanesa Nadine Labaki, Caramelo, é um prazer. Um relato delicioso de uma vivência feminina, original e divertido, parecido com o que se vê em A Fonte das Mulheres. Claro, ambos falam do universo feminino em países árabes e, portanto, têm pontos em comum. Fui com toda sede ao pote, mas E Agora, Aonde Vamos? não tem o encantamento do seu filme anterior.
A cena de entrada e encerramento são lindas, poéticas e emblemáticas. Mulheres vestidas de preto, acompanhando um cortejo fúnebre de algum marido, irmão, filho, pai. Dançam como moribundas, numa dança árida como a paisagem libanesa onde estão. E agora, depois de perder tanta gente querida, de ver as famílias se esvaziando pelo ódio, raiva, rivalidade religiosa entre cristãos e muçulmanos, aonde é possível ir? Resta algum lugar onde havia tolerância e paz? Pode ser uma das perguntas que a dança traz à tona.
Tudo se passa em uma remota aldeia no Líbano, rodeada de minas terrestres, em que vive uma comunidade de cristãos e muçulmanos, pacificamente – se dependesse somente das mulheres. A qualquer notícia de rivalidade que chegue, os homens se inflam e partem para a luta interna. Cansadas de tanto sangue e tanto funeral, as mulheres se reúnem, passam a boicotar as informações para que o barril de pólvora não exploda mais e criar novas situações para colocar panos quentes na situação.
Nadine Labaki tem um olhar peculiar. Sem dourar a pílula, retrata a situação na sua gravidade, mas coloca humor e fantasia no contexto. Mas em E Agora, Aonde Vamos? falta naturalidade, uma graça genuína. Foi o indicado do Líbano ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012, entrou na seleção Un Certain Regard de Cannes e foi premiado pelo público em Toronto. Quem aprecia o olhar sobre o Oriente Médio pode gostar, mas espere mais uma fábula. E se assim for, aventure-se primeiro em Caramelo e A Fonte das Mulheres (ambos em DVD). Você vai sair mais satisfeito, com certeza.
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