DRIVE

Cartaz do filme DRIVE

Opinião

Enquanto assistia a Drive, fiquei dividida em duas. De um lado, acompanhava paralisada os passos do rapaz que é dublê e motorista de assaltantes nas horas vagas, envolvendo-se com gente perigosa, altamente violenta, sem pudor, piedade ou qualquer coisa que o valha. O ritmo da trama de perseguição e eliminação de testemunhas é alucinante, uma morte mais cruel do que a outra, em sequências atrás da direção pelas largas avenidas de Los Angeles que são de tirar o fôlego – até de quem não é muito afável a filmes de ação.

Outra parte de mim torcia, com todas as forças, para que aquele rapaz aparentemente tímido, solitário, de poucas palavras e olhares marcantes, não fosse aquilo que eu achava que ele era. Torci para que fosse possível uma conversão, uma negação do envolvimento com o crime, uma vida relativamente normal. Da mesma forma que foi apresentado pelo diretor Nicolas Winding Refn um possível, mas não provável, romance em meio ao clima de vingança, traição e ganância, achei que o enigmático e espetacular Ryan Gosling (também em Tudo Pelo Poder, Namorados Para Sempre, Amor a Toda Prova, Entre Segredos e Mentiras), em mais uma atuação primorosa, na construção de mais um personagem marcante, pudesse continuar dirigindo sua vida.

Por essas e outras, Drive é muito envolvente e tem um roteiro incrível. Tudo está sob o controle do piloto, até que ele se apaixona pela vizinha Irene (Carey Mulligan, também em Shame, Educação, Não Me Abandone Jamais, Inimigos Públicos, Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme), resolve salvar a barra da amada ajudando seu marido a pagar uma dívida feita na prisão e acaba se envolvendo na trama violenta e muito bem roteirizada de que falei acima.

Embora a Academia de Hollywood tenha deixado de lado as ótimas atuações de Gosling nos últimos dois anos (e vale dizer que todos os filmes citados acima valem a pena ser vistos), não deixe de assistir a Drive. É o extremo, mas tem uma explícita doçura (como é possível?) que vem da personagem de Carey Mulligan e da vontade do rapaz de ser quem ele não é na prática. E na essência?

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