DOGMAN

Cartaz do filme DOGMAN

Opinião

Dogman é de uma brutalidade atroz. Não só física – mas inclusive, o que faz o filme ser ainda mais duro de ver. Matteo Garrone é o mesmo diretor de Gomorra, de 2008, sobre a criminalidade napolitana envolvendo jovens marginais. Este vai na mesma toada sombria, escura, sem saída, num lugar onde o afeto ensaia se aproximar, mas definitivamente não tem espaço.

Marcello (Marcello Fonte) é dono de um petshop – trata bem os animais, é um sujeito gentil e submisso, que se dedica ao trabalho e à filha. O momento de tensão acontece toda vez que Simone, um ex-boxeador violento e intimidador, se aproxima, deixando-o acuado e amedrontado. A tortura psicológica e a violência física acontecem cada vez que Marcello é abordado, desequilibrando a tênue estabilidade de um bairro abandonado à própria sorte, com vizinhos estranhos, que já tem uma aparência e ambientação tensas, em tom ocre, com sons estridentes, num prenúncio à tragédia.

Dogman evolui rápido para a tensão máxima. O mais forte abusa constantemente, encurrala, usa força física; o mais fraco demonstra sua fragilidade, seus sentimentos, está sempre se desculpando por existir. Mas o plano de vingança de Marcello é sublime, atacando a liberdade, na escolha com a estratégia que tem disponível. Um cinema de pura real brutalidade – e qualidade inquestionável.

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