DIVINAS | DIVINES

Cartaz do filme DIVINAS | DIVINES

Opinião

Divinas volta pra aquele lugar do imigrante que a gente já conhece. O lugar que é um não-lugar. Um deslocamento constante – quando encontra um lugar pra se estabelecer, continua deslocado, sem suporte, nem recurso. Sem identidade. Acolhimentos pelas avessas, pela metade. O documentário Fogo no Mar, do italiano Gianfranco Rosi traz pra perto a realidade aqui e agora de quem busca fugir da miséria e da morte pra encontrar sabe lá Deus o quê.

Mas tem que já nasce em outro país, diferente daquele original da família. Milhares de pessoas chamadas de imigrantes não são, realmente, imigrantes. São franceses, italianos, ingleses. Nasceram ali, mas não se misturam com a sociedade, digamos, nata. Como se terra tivesse dono. Divinas é sobre a amizade entre duas garotas de origem árabe, que moram no subúrbio de Paris, têm problema na escola e em casa, e envolvem-se no tráfico de drogas pra tentar ganhar uma grana. Quando a sensibilidade e o amor, através da dança, bate na porta, a vida dá conta de dizer que não tem espaço.

Duro. Tem momentos de alegria na amizade e na descontração da juventude, mas duro. E feminino – a diretora Houda Benyamina, também francesa de origem árabe, venceu o prêmio Câmera de Ouro em Cannes em 2016, entre outros. Fala com conhecimento de causa.

 

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