CÓPIA FIEL – Copie Conforme

Cartaz do filme CÓPIA FIEL – Copie Conforme
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Opinião

Que valor tem uma cópia se ela nada mais é do que a reprodução de um original? Mas por que uma cópia não teria valor se ela fosse relacionada a um sentimento, um significado, uma época? Que valor é esse que se faz tão relativo, tão condicional? O que é original e o que é cópia? O que é real, o que é reflexo da realidade?

Essa breve e confusa reflexão me veio depois de assistir a Cópia Fiel, que deu à francesa Juliette Binoche o prêmio de melhor atriz em Cannes. Durante o filme não dá para pensar muito nessas questões, porque os diálogos são muito intensos. Aliás, minha dica: atenção ao que Juliette Binoche (também em O Paciente Inglês, Horas de Verão, Paris) e William Shimell conversam. Algo como ‘não é nada simples ser simples’ realmente faz parar para pensar. Os diálogos são ricos e vão crescendo à medida que a relação entre os dois vai se delineando. E essa é a grande questão: o que realmente faz parte da relação dos dois e o que pode ser vivido como realidade desde que aquela pessoa ou situação ganhe valor e importância? Assim como uma obra: pode não ter valor financeiro ou histórico, mas pode merecer ser pendurada na parede da sua casa, se para você ela tem algum significado, nem que seja só uma lembrança.

A reflexão poderia ir além, mas tiraria parte da beleza do filme. Digo parte, porque visualmente ele é lindo e isso nada poderia estragar. Durante a exibição (aliás, a sala da Mostra estava lotada, com gente sentada até no chão) fiquei absorvida pela força da relação entre a dona da loja de antiguidades e o escritor inglês que se conhecem no lançamento do livro dele, pela linda, pitoresca e histórica paisagem da Toscana, pela troca ágil e harmônica entre os idiomas inglês, francês e italiano e pela construção dos personagens e do enredo em si. O diretor Abbas Kiarostami é iraniano, a atriz francesa e o ator inglês. Filmam na Itália, não pertencem àquele lugar e se apropriam daquele ambiente e daquelas suposta situação sugerida pela senhora italiana. Assim como o próprio espectador se apropria do romance e o torna real – mesmo que ainda fique na dúvida. Bravo!

 

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