CARO DIÁRIO – Caro Diario

Cartaz do filme CARO DIÁRIO – Caro Diario
Direção:
Roteiro:
Ano de lançamento:
País:
Gênero:
Estado de espírito:
Duração:

Opinião

Quem gosta da narrativa do diretor italiano Nanni Moretti e ainda não assistiu a Caro Diário, aí vai a dica. Fui atrás dessa obra porque particularmente acho o cineasta um sujeito corajoso. Conta histórias à sua maneira, fora dos padrões narrativos e parece simplesmente não se importar com supostas críticas ou desconfortos. Só por isso, já acho que vale a pena conferir. Confesso que Caro Diário, pelo qual Moretti levou o prêmio de melhor diretor em Cannes em 1994, não é dos meus favoritos. Gosto muito mais de O Quarto do FilhoCaos Calmo e Habemus Papam – os dois primeiros profundos, sobre dor e adaptação, sobre o caos que se instala em alguns momentos da vida; o último, sobre o papa, que não sabe o que fazer com o trono.

Bem, Caro Diário é dividido em três partes, propriamente o que diz o título, um diário. De novo Moretti é ator de seus filmes e ele próprio é protagonista dos três episódios. No primeiro deles, vaga por Roma observando sua arquitetura, sua conjuntura, sua forma de vida. Divagações, como se conversasse com um amigo. É como se nos levasse junto com ele, de lambreta. No segundo, percorre as ilhas italianas, a procura de um lugar tranquilo para escrever. Dessa jornada, ficamos sabendo da forma de vida das pessoas, das peculiaridades de lugares isolados pela própria natureza ou pelo rigor do inverno. Nos dois episódios, senti como se Moretti realmente tivesse resolvido compartilhar isso com o espectador, da maneira simples como a vê e a sente.

Mas é do terceiro episódio que gosto mais – e por ele digo que vale mais a pena o filme todo. Nanni Moretti expõe não suas ideias e percepções, mas o calvário por que passou enquanto os médicos não conseguiam fazer o diagnóstico preciso dos males que o estavam deixando maluco. Sentia coceiras e suores terríveis, percorreu todas as especialidades médicas possíveis, comprou dezenas de medicamentos em vão, até ser diagnosticado com câncer. Retrata com um humor muito sutil, bastante direto e de forma inteligente o que foi viver essa fase da vida. Sem drama, com ironia. Faz um relato praticamente documental – e é essa a sua maneira mais peculiar de contar uma história. Por essas e outras, enquanto espera-se Habemus Papam chegar aos cinemas (já passou por aqui na Mostra Internacional de Cinema), Caro Diário vai recheando a filmografia do italiano que tem um jeito todo especial de ser ator e diretor, de contar um história, mesmo que ela não tenha nada de especial. São relatos do simples cotidiano.

 

Trailers

Comentários